domingo, 23 de maio de 2010

Chegou entao o dia dos amantes se encontrarem, tudo já estava preparado, Sebastian achava que as filhas apenas iriam à Igreja como sempre. Mona pegou o pergaminho e mais uma vez leu aquelas lindas palavras e aqueles lindos versos escritos para ela. Deixou-o encima de um móvel que seria a penteadeira do quarto e seguiu para o salão, pelas escadas da direita, onde encontraria suas irmãs.

Sebastian vinha subindo pelas escadas da esquerda para chamar a dama em seu quarto, ao bater na porta e ver que a filha não atendeu, ele decidiu entrar. Ao abrir a porta avistou o pergaminho aberto e estranhou a caligrafia que nao pertencia à nenhuma de suas filhas. Ele se aproximou e leu o que estava escrito - ERA O FIM!
Imediatamente desceu as escadas com uma fúria nunca vista antes, gritando o nome da filha e berrando xingamentos horriveis.

- MONAAAAAA, VENHA AQUI AGORA! MONAAA!- Assustada e sem saber o que estava acontecendo, Mona foi ao encontro do pai seguida pelas três irmãs. Sebastian pegou a filha com extrema agressividade por um dos braços e sacudindo-a gritava- VOCÊ NUNCA MAIS SAIRÁ DE CASA! VOCÊ DESGRAÇA ESSA FAMÍLIA! O QUE SIGNIFICA ISTO?!

Mona nao conseguia acreditar na burrice que havia cometido, esquecer o bilhete do amado em seu quarto?! Como ela podia ter feito isso?!! Talvez pela distração e empolgação de encontrar Morgan. Por sorte seu nome não estava escrito no bilhete, pois se o pai descobrisse que se tartava de um padre tudo seria muito pior.

-MONA ME DIGA QUEM É ESTE HOMEM? ME DIGA QUEM É O DESGRAÇADO! APOSTO QUE É ALGUM NORMANDO MALDITO! EU MATO ELE!- o velho homem tinha as feições até deformada pela raiva e pelo desgosto de saber que sua filha mais linda e delicada estava se encontrando às escondidas com um homem. Sem reação, ela apenas chorava sem conseguir pensar em alguma desculpa.

Charlotte decidiu intervir, tendo uma brilhante idéia que poderia salvar sua irmã da desgraça.- "Papai, este bilhete é meu!"- todos no salão olharam espantados para a jovem, inclusive Mona- "foi Niventom que escreveu, ontem após o torneio mandou que um de seus companheiros me entregasse. Veja se a caligrafia não é perfeitamente linda como ele?"- Rowan e Keller abriram um sorriso de alívio a ouvir a caçula. Ela ainda acrescentou:

-Ontem fui até o quarto de Mona para mostrar o bilhete, me empolguei tanto e estava fazendo tantos planos para hoje que até esqueci o pergaminho em seu quarto. Oh Deus, quase causei uma desgraça com minha distração, me desculpem, por favor!"- Charlotte era uma verdadeira atriz. Sebastian calmamente soltou o braço de Mona e lhe deu um abraço:

-Minha filha me desculpe, imagine se você faria uma coisa dessas! Você é minha preciosidade!

Keller deu um tapinha no braço de Charlotte e com uma piscadinha disse "é isso aí cara, mandou bem!"

Assustada, Mona partiu junto com as irmãs para a missa, e ao sairem do enorme castelo, de um abraço em Charlotte agradecendo a ajuda que a irmã havia dado. "Não sei o que faria sem você, minha irmã!"

sábado, 8 de maio de 2010

Rowan olhava de longe a irmã ir ao encontro do misterioso cavaleiro. O que lhe chamou a atenção foi que Mona ao chegar perto do estranho, o abraçou. Ela retirou o capacete dele revelando então sua face: Pele branca como mármore, olhos azuis profundos e inexpressivos cor de safira que, de longe, Rowan percebera, feições de anjo e demônio ao mesmo tempo, um misto de encanto e terror que só ele carregava. Era Morgan, o padre que realizava as missas na Igreja mais próxima. Rowan sabia que ha algum tempo a irmã estava o encontrando às escondidas.

Morgan era um homem comentado, não só por sua estranha feição, mas também por sua historia. Seus pais haviam morrido ainda muito cedo, e Morgan teve que viver com seus tutores, que o trouxeram da Transilvania, atual Romenia. Sua família era descendente do imperador romano Caligula, o que gerava também muitas historias a seu respeito. Havia até quem dissesse que ele era amaldiçoado, apesar de ser do clero. Boatos diziam que sua mãe havia o prometido para a igreja quando ele nasceu, devido uma gravidez complicada e após morrer seus tutores cumpriram essa promessa.

Rowan continuava os observando de longe. Morgan tirou de dentro de suas vestes um papel e o entregou a Mona:

-Minha Rosa, senti tanto sua falta. Pegue isso e leia sozinha, longe daqui. Nossos próximos encontros estão escritos neste pergaminho também.

-Meu amor, quando nós vamos fugir? Quando vamos sair daqui? Eu abandono tudo por ti, TUDO!- Mas enquanto falava, Morgan a interrompeu, mandando a moça ter calma, colocou uma rosa linda, vermelha e a colocou nos cabelos da dama. Quando ele ia beijá-la, depois de tanto tempo sem se verem, Mona ouvi Rowan a chamando ao longe. Era seu pai que havia notado a falta das duas e se aproximava.

-MONA, VAMOS LOGO, ANTES QUE O PAPAI CHEGUE! – Mona despediu-se rapidamente de seu amado e mais uma vez partiu, deixando-o lá, sem saber quando iria vê-lo de novo.

-Mona, onde você e sua irmã estavam? Anda, vamos pra casa agora!- Seu pai parecia bravo como sempre, ele odiava quando suas filhas sumiam, e todas tinham esse péssimo hábito.Chegando ao enorme castelo em que moravam, Mona correu para o quarto, fechou as portas e pegou o papel que Morgan havia dado a ela. Naquela época quase ninguém sabia escrever, mas como Morgan era do clero ele havia aprendido e o pai de Mona sempre fez questão de que todas suas filhas fossem alfabetizadas. O pergaminho estava meio amassado, mas ainda estava com o cheiro de Morgan por ter ficado em suas vestes. Ela sentiu aquele cheiro e ainda meio extasiada abriu o papel. Era escrito em uma caligrafia impecável:

“Lo meo servente core
vi raccomandi Amor, [che] vi l’ha dato,
e Merzè d’altro lato
di me vi rechi alcuna rimembranza;
ché del vostro valore
avanti ch’io mi sia guari allungato,
mi tien già confortato
di ritornar la mia dolce speranza
Deo, quanto fie poca addimoranza,
secondo il mio parvente!
ché mi volge sovente
la mente per mirar vostra sembianza:
per che ne lo meo gire e addimorando,
gentil mia donna, a voi mi raccomando.”

Mona não entendeu uma só palavra, mas ao virar o pergaminhou achou os mesmo versos escritos em sua língua e um recado de seu amado:

“May Love ever protect
this heart he gave to you, his to command,
and, on the other hand,
may Mercy beg you to remember me,
because before I go
too far away from all your present worth
the thought I will return
to you once more already comforts me.
God! Not for long shall I remain away,
judging by what I see,
for often this my mind
will turn right back to wonder on your face:
therefore, in both my journey and my stay,
O gentle lady, please remember me.”

Meu amor, após a missa, amanhã, me encontre no nosso lugar de sempre.

Mona mais uma vez sentiu o cheiro naquele pergaminho, e, com um enorme sorriso, o guardou com cuidado em uma pequena caixinha que um dia havia sido de sua mãe, e foi deitar-se esperando pelo dia de amanhã. “Claro meu amor, claro que eu vou te encontrar!”

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O torneio teve início e os cavaleiros começaram a escolher o tipo de lança que iriam usar: ponta de madeira apenas para derrubar e ponta de ferro com intenção de matar o oponente. Nenhuma lança afiada seria usada desta vez. Os competidores tomaram seus lugares e deu-se inicio as batalhas. Um a um, os cavaleiros foram caindo e o número de participantes diminuindo. Os normandos ganhavam o torneio para a infelicidade de Sebastian e outros saxões na platéia. Mas para a surpresa de todos um competidor desconhecido surge no campo.

O cavaleiro lutaria do lado dos saxões e já vinha com sua lança em mãos, e o que chamou a atenção de todos: com a ponta de ferro. Quem tomou frente da situação foi Brian, que se propôs a duelar com o desconhecido. Era um momento de tensão e a platéia estava silenciosa e apreensiva. Iniciou-se a batalha e para surpresa de todos, o cavaleiro desconhecido derruba Brian, fazendo os saxões vibrarem.



Como vencedor, o desconhecido premiaria uma dama da multidão como “Rainha da beleza e do Amor”. Ele toma a coroa, dada pelo príncipe, em sua lança e se dirige ao publico. Como se já se conhecessem, ele para na frente de Mona e lhe estende a coroa. Sebastian se levanta aplaudindo e as irmãs da jovem comemoram. Mona apenas abre um lindo sorriso e toma a coroa em suas mãos.


- Rowan, eu preciso da sua ajuda! Preciso sair daqui o mais rápido possível sem que o papai perceba!


- Mona! O que é isso agora? Você esta louca?! O que está acontecendo?!


- Eu não posso explicar agora, em casa eu te conto, mas me tira daqui, por favor, irmã! -Nós vamos dar um jeito! – Ela pegou a gêmea pela mão e disfarçadamente as duas saíram juntas pelo meio da multidão. Chegando onde ninguém mais podia avistá-las, Rowan reparou que o cavaleiro desconhecido estava entre as árvores da floresta observando as duas.


- Mona, vamos sair daqui, acho que não é seguro!


- Rowan, esta tudo certo, só por favor, vigie se alguém chega, por favor, minha irmã, eu prometo que lhe conto tudo depois, prometo! – E, sem se preocupar, correu para dentro da floresta por entre as folhas caídas do Outono.



segunda-feira, 3 de maio de 2010

Inglaterra- sec XII

Era um típico dia da Baixa idade Média. Uma aglomeração começava a se formar e já era possível ouvir o som das trombetas. Haveria mais um dos famosos torneios de cavaleiros. Na platéia várias moças assistiam na esperança de serem escolhidas por um cavaleiro para honrá-las. Mas entre todas as damas havia uma que se destacava.

Era a jovem Mona, não havia completado a maior idade ainda, mas sua beleza era espantosa. Tinha um rosto de anjo, pele branca como a neve, lábios vermelhos como rosas, cabelos longos e loiros e olhos verdes que pareciam refletir a luz do Sol. Ela e suas quatro irmãs eram sobrinhas do Rei Ricardo e filhas de um dos homens mais ricos do reino: Sebastian Van de Moon.

Os cavaleiros já estavam sendo anunciados, um a um iam cavalgando para o meio do campo onde a platéia aplaudia enlouquecida. Brian de Bois Gilbert foi o último nome anunciado, ele seria o cavaleiro a escolher uma dama para honrar. Logo cavalgou em direção ao público, onde Mona, Rowan, sua gêmea, Keller Mary, a irmã do meio e Charlotte, a mais nova, estavam sentadas ao lado do pai. Todas as jovens estavam apreensivas exceto uma: Mona parecia estar à procura de alguém. Inquieta, tentava esconder sua aflição de seu pai e de suas irmãs, quando foi surpreendida pela ponta da lança do templário apontando para seu rosto. Ele havia escolhido ela.

Brian a encarava parado com sua lança ainda apontada para o belo e perfeito rosto da jovem. Rowan pegou a mão de Mona com um enorme sorriso enquanto o cavaleiro partia.

- Mona, ele te escolheu!!!- disse Rowan empolgada. A jovem comemorava com brilho nos olhos pela irmã. Mas por algum motivo Mona não parecia tão animada quanto sua gêmea.